Psicanálise

Freud e sua importância na atualidade*

Sigmund Freud
Sigmund Freud

A obra de Sigmund Freud atravessou o século XX provocando grandes reflexões e críticas. O pioneirismo do pensador vienense suplantou os interesses da medicina e tornou-se cultural[1]. Quem nunca ouviu ou já disse: “Freud explica” para algum comportamento extravagante de alguém?

Com tamanha inserção da Psicanálise na cultura, Freud tornou-se também parte dela. Um dos pontos importantes de sua obra foi fornecer novas perspectivas para o entendimento da alma humana, mais especificamente – a psique. A partir de suas elaborações, uma nova plêiade de dúvidas e questões foram lançadas e discutidas para a compreensão do Indivíduo.

Este artigo pretende abordar alguns pontos da obra freudiana na atualidade.

A Pertinência de Freud

O trabalho desenvolvido por Freud, no final do século XIX, ainda possui relevância. Grande parte de seus escritos é muito pertinente e ajuda – ou pelo menos colabora para – o entendimento da mente humana.

Mesmo no atual contexto de supremacia da visão capitalista neoliberal, onde o hedonismo como modus vivendi parasita a sociedade contemporânea, a visão freudiana facilita o entendimento dos efeitos da modernidade e colabora, também, para a compreensão da pós-modernidade.

Ao contrário dos primórdios da psicanálise, quando o capitalismo criava uma dinâmica mais “estável” para as relações sociais e os seus impactos repousavam na perspectiva autoritária do núcleo familiar encabeçado pelo Pai, encontramos na atualidade um quadro diferenciado.

A dissolução da família – enquanto núcleo “coercitivo” e de formação do Indivíduo – configura um padrão no momento. A busca do prazer e sua satisfação através do consumo é outro componente importante que impacta o Sujeito na atualidade.


Freud e a Modernidade

O século XIX foi pródigo em grandes transformações econômicas, sociais e políticas. O capitalismo, consolidando a sua pujança econômica e abrindo caminho para uma ordem burguesa, ao mesmo tempo em que novas formas de pressão sobre o indivíduo se formavam, foi o pano de fundo para a elaboração teórica de Freud.

A Modernidade, enquanto nova forma de compreensão e visão do mundo, foi determinante para a implantação da nova lógica capitalista. Junto com esta nova ordem, novos dilemas eram colocados para o Indivíduo.

Freud em Tempos de Pós-Modernidade

Sabemos que o termo pós-modernidade envolve uma série de controvérsias, críticas e contradições. Aqui, entendemos a pós-modernidade como uma etapa avançada do capitalismo. Sendo assim, nos aproximamos da perspectiva defendida por Fredric Jameson[2].

No momento em o “fim da história”[3] chegou a ser proclamado e a certeza é incerta; o novo é o velho, a obra de Freud é continua pertinente. Se o contexto de sua elaboração estava alicerçado sobre padrões culturais mais “rígidos”, hoje, encontramos justamente o oposto. A “permissividade” tornou-se um traço marcante da nossa sociedade.

Como foi discutido durante o módulo, inúmeras propagandas de televisão mostram o “poder” do consumidor em conquistar o que quiser. O querer é poder. Este é o lema da pós-modernidade. A vida no século XXI tem como característica a “liquidez”[4] das relações sociais, do consumo.

Revisitar a sua obra é fundamental para observar como a dinâmica social vem se alterando e compreender o seu processo. A obra freudiana, apesar do seu século de existência, ainda nos fornecer indicações importantes para compreender o atual quadro contemporâneo.


Bibliografia

MEZAN, Renato. Freud, o pensador da cultura. São Paulo, Companhia das Letras, 7ª ed., 2006.

NASIO, J.-D. O prazer de ler Freud. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1999.

Notas

[1] Renato Mezan. Freud, pensador da cultura. Rio de Janeiro, Companhia das Letras, 7ª ed., 2006.

[2] Pós-Modernismo – a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo, Ática, 2ª ed., 1997.

[3] O historiador Francis Fukuyama ganhou fama internacional nos anos 1990 ao proclamar o “fim da história” em virtude do fim da bipolaridade em URSS e EUA.

[4] Zygmunt Bauman possui inúmeras obras abordando a “fluidez” da vida social.

* Publicado originalmente em 20/04/2009

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