A questão Líbia que anteriormente era uma mera questão de “atuação humanitária” está se tornando uma armação escancarada: um golpe político patrocinado pelos EUA, Reino Unido e França. Estes mesmos países que até pouco tempo atrás mantinham, no mínimo, uma relação “respeitosa” com o regime de Trípoli, querem sacar do poder o velho líder líbio.
A “armação” para tirar do poder Muammar Khadaffi tornou-se notória e ninguém faz questão de esconder. Que a Líbia vive há quarenta anos numa ditadura ninguém dúvida. Mas, existem e existiram dezenas de regimes similares no mundo e pouco foi feito para “salvar os civis” da tirania. Na maioria dos casos a tirania foi incentivada pelas potências ocidentais.
O que me preocupa na atualidade é o precedente aberto por alguns países que se juntam e decidem quem fica ou não no poder em um país. Não entro no mérito do caso líbio. Entro na questão do Direito Internacional. Nesse caso está em cena também a hipocrisia.
Vários países possuem regimes ditatoriais semelhantes como na África, por exemplo, e ninguém fica penalizado com a imagens provocadas pela guerras civis. Nesse caso os ditadores servem aos interesses das potências ocidentais que facilitam a exploração dos recursos a preços “módicos”. A “questão humanitária” é um pequeno detalhe.
Sabemos que a “preocupação” dos EUA é só uma: o petróleo. Isso explica o afã na resolução do caso líbio com a troca imediata de mandatário no país. A atuação da CIA no envio de armas para o “rebeldes” e a atuação francesa como “acessório” aos rebeldes é um pouco de mais. Isso fere o Direito Internacional, mesmo que a ONU aprove.
Com a “jurisprudência” que está sendo aberta, qualquer país poderá sofrer intervenção “humanitária”. Isso poderia ocorrer, por exemplo, com países que não aceitem as diretrizes de Washington ou Bruxelas. Bastaria um “país hipotético” desafiar a Casa Branca e, com alguns milhares de dólares e gente disposta (a receber por isso), criar um tumulto que provocasse uma “desgraça humanitária”. Pronto: “intervenção humanitária”.
Não se trata de uma teoria da conspiração, mas de fatos históricos que nós latino-americanos conhecemos muito bem. Desrespeito aos Direitos Humanos e à Democracia sempre foi o modus operandi dos EUA, apesar dos “ingênuos” verem a pátria do Tio Sam com um “farol” da liberdade.
A história mostra o contrário… e como.