Confesso ao leitor que desde que começou a “onda” democrática no mundo islâmico fiquei com a sensação de que estou em um “mundo paralelo”. Em outro “plano”, em uma “matrix”.
De uma hora para outra, regimes ditatoriais apoiados pelas potências ocidentais durante décadas e que serviram fielmente aos seus interesses tornaram-se, agora, realmente “ditaduras”. Da noite para o dia.
O caso egípcio é emblemático. H. Mubarack era um velho aliado dos EUA e de Israel desde 1981. O Acordo de Camp David assinado entre egípicios e israelenses selou a paz entre os dois países.
Com o assassinato Anuar Sadat, o seu vice-presidente H. Mubarack ficou no poder até os dias de hoje. Todas as eleições e mecanismos (lícitos e ilícitos) que possibilitaram a sua manutenção no poder sempre foram reconhecidos como legítimos pelas “grandes democracias” do mundo.
Com ditadura, opressão, perseguições etc., isso não importou para os EUA. O que interessava era a manutenção de sua influência sobre o mais importante país islâmico da região.
Como o leitor deve saber, os interesses norte-americanos é que devem ser satisfeitos, não importa como. O fato é que Mubarack teve TOTAL apoio político e econômico de Washington durante o seu “reinado tirânico”.
Depois do desgaste político e econômico do governo Mubarak, as bases sociais ou que restavam delas se desintegrou finalmente e abriu caminho para as manifestações e agora a sua queda. Tudo perfeitamente normal. Mas assistir o pronunciamento do presidente Obama saudando a “democracia” no Egito é demais. O “país é livre”, o “Povo conquistou a liberdade” etc., patético.
Mas que democracia? Se os “radicais” não pegarem o poder, será outra turma pró-EUA que o fará. Mudanças? Vamos ver.
Se Democracia for entrar no Facebook e comprar Ipad nas Pirâmides, tudo bem. Agora, se for menos miséria e mais empregos, as coisas não serão tão fáceis assim.