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Aos eleitores do Serra: que tal um pouco de fatos concretos?

As trevas podem voltar

Uma campanha presidencial é muito interessante. Ela demonstra o nível de politização de uma sociedade. Ou não, é claro.

Em nosso caso, chama a atenção a pobreza teórica e conceitual dos eleitores da direita, cujo candidato é José Serra. Não assinalo com isso a intenção de menosprezar ninguém, pelo contrário.

Trata-se de um “chamamento” à leitura e à elaboração de um discurso coerente. A pior coisa (na minha opinião) é um sem-teto ou assalariado de direita.

Vejamos alguns fatos.

1) Grande parte dos “argumentos” utilizados pelos eleitores serristas para justificar os seus votos estão presentes no Partido da Imprensa Golpista (PIG), termo cunhado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog Conversa Afiada.

Trata-se de uma reprodução quase que literal da Folha de SP, O Globo, Veja etc. Alguns chegam a repetir as “genialidades” de Miriam Leitão. Algo mais menos como “ A herança de FHC (sic) está sendo seguida pelo PT “. Se o PT tivesse seguido a herança de FHC teríamos virado uma Somália.

2) Outra falácia psicótica do PIG e repetida como mantra pelos serristas é o “atentado à liberdade imprensa”. Senhores, repetir isso é o cúmulo da beocidade.

A imprensa brasileira, a “grande imprensa”, sempre foi golpista. A armação no segundo turno das eleições de 1989, promovida pela TV Globo contra Lula na “edição” do último debate foi, isso sim, um atentado contra a democracia.

Talvez serristas, vocês queiram a imprensa livre para promover as armações tradicionais: acusar sem prova, inventar factóides, influenciar nas eleições etc. Tudo em prol da Democracia.

O que observamos foram assuntos “pinçados” cientificamente e orquestrados como forma de derrubar uma candidatura. Antes que alguém apareça com a sanha piguista, afirmo: a impresa deve informar tudo, mas de todos os lados. O que sou contra é vender a imagem do PSDB e do Serra, consequentemente, como os “mocinhos” da história.

Incomoda-me também o apoio de Sarney e Collor, mas eu lembro aos puritanos que o PSDB tem o apoio da ARENA/PDS/DEM, o Comitê Central do golpe de 64. Aí, me desculpem, eu gostaria de não contar com o apoio de ninguém, mas prefiro a turma do Nordeste (com o nariz tampado, é claro).

Privatizações imorais, compra de votos para a reeleição de FHC, “sumiço” do dinheiro das privatizações etc., deveriam no mínimo, serem novamente informados ao público.

Ou então que os jornais e revistas assumam que são partidários de candidatura A ou B. Dizer que é “independente” é deboche.

3) A “Dilma é guerrilheira e matou pessoas”. Essa é talvez a afirmativa mais louca que um ser humano pode repetir. Isso demonstra a total falta de critério na leitura de jornais e revistas.

Uma pessoa que repete isso deveria se informar que o senador eleito pelo PSDB de  São Paulo, Aloysio Nunes, foi também “terrorista”: participou da luta armada. O Globo , Folha e a Veja não colocam a notícia e ninguém fala. Não sabem ou o que é pior: fingem não saber.

O Fernando Gabeira, “verde”, colaborou no sequestro do embaixador Charles Helbrick. Tem até livro e filme! É, portanto, segundo as teorias “neocristãs”, “terrorista’. Ele faz parte do partido de aluguel PV e “macula” a candidata Marina Silva, cujo estatuto do seu partido é a liberalização da maconha e o aborto, e o programa de governo resume-se ao “Desenvolvimento Sustentável”, a palavra mágica.

Aliás, devo lembrar aos que votaram na Marina Silva como forma de “limpar” a política nacional que após a leitura deste artigo, deveriam no mínimo votar NULO. Sim, pois nem o PT e o PSDB são dignos de votos votos tão imaculados como os que foram dados a ela.

4) Ausência de comparação com o governo FHC. Outro “poltergheist” dos serristas e que eu comprendo como o fracasso do referido governo. Ninguém compara nada, mas afirma categoricamente que a Era FHC foi melhor. Mas eu pergunto: em quê?

É um mistério, mas a direita afirma que a Era Lula é uma “continuação” da Era FHC. Mas continuação do quê?

Como já coloquei no último artigo, FHC foi tão importante para o Brasil que eles associam erradamente (de propósito, é claro) o Plano Real ao seu governo, quando na realidade quem deu início foi o governo Itamar Franco.

Por exemplo, por que os serristas não comparam o governo FHC com o Lula? Não foi bom? FHC é o primeiro grande presidente do Brasil que envergonha os seus defensores. Ao melhor estilo soviético, ele foi quase que apagado da história pessedebista.

Quanta ingratidão ao maior gênio da política brasileira cuja aprovação ao final do seu governo com apagão foi ao redor dos 40%.

Por que não colocar o FHC no programa do Serra? Não foi maravilhoso? Cheio de avanços para o país?

Eles não tem coragem.

***

Os eleitores do PSDB ou do Serra (para eles são duas coisas totalmente separadas) possuem essa característa: são do contra. No quadro psicótico pessedebista todos os dados econômicos fornecidos por pela ONU, Banco Mundial, FMI etc., fazem parte de uma “conspiração comunista internacional” sediada em Moscou, cujo mentor é Stálin.

Outra coisa que une os serristas é um certo “rancor” contra os pobres. Uma certa raiva de classe média que vê uma nova população (pobre) começando a se parecer com ela. Mas, ao mesmo, a classe média tradicional não consegue chegar perto das tradicionais elites.

De certo modo, por sua própria culpa: está cheia de dívidas. Dívidas essas feitas graças à Era Lula. Compra carros para pagar em alguns anos, compra relógios caros, eletrônicos sofisticados etc. Compra acima de suas possibilidades, mas gostaria de se parecer com a elite. Contudo, ela esquece que o topo é para poucos.

Aqui fica o meu humilde recado: votem com suas consciências. Leiam, informem-se realmente sobre o que houve no Brasil nos últimos anos. Elaborem um discurso próprio e assumam as suas posições políticas: “privatizamos tudo o que foi possível”; “Não deu para fazer isso com o BB, Caixa, Petrobrás” (ainda); “Eu acho que tem muito pobre ganhando dinheiro” (para matar a fome); “Vamos acabar com a vagabundagem de Concurso Público”; “Tem muito funcionário público no país”.

Se você não entendeu o que foi escrito ou não vê sentido no artigo e vota no Serra: volte ao início.