Estaríamos vivendo um “combate à corrupção”? Definitivamente não. Alguns corruptos estão sendo presos enquanto outros estão soltos e são governadores, deputados, senadores etc.
Contam até com grandes fã-clubes e são alçados à categoria de “combatentes contra corrupção”. Como é possível promover uma “cruzada contra corrupção” ao mesmo tempo em que se apoia inúmeros casos de corrupção em São Paulo, por exemplo? É possível isso? Sim, no Brasil é.
Antes que os “neopolitizados” venham com o velho discurso de que “a corrupção passada não justifica a do presente”, devemos ter em mente que não existe corrupção passada. Pelo contrário. Se no nível federal temos o petrolão que realmente assombra pela quantidade de recursos envolvidos no “atacado”, temos o “varejo” também.
Se o “atacado” é do PT, o “varejo” é do PSDB. Varejo que também está na casa dos bilhões desviados e devidamente apurados pela pela Justiça. E também assombra. Como é possível justificar bilhões de reais gastos com reformas de trens velhos cujo valor é praticamente igual aos de trens novos? A proeza é do PSDB que há mais de duas décadas faz o que quer em São Paulo com apoio de quase 60% da população. Essa mesma população que vocifera contra a “corrupção”. É o trensalão devidamente escondido pelos jornais e revistas.
Antes que os “neopolitizados” venham com o velho discurso de que “a corrupção passada não justifica a do presente”, devemos ter em mente que não existe corrupção passada.
A “onda de indignação” criada pela mídia tem esse objetivo: trazer de volta ao poder para promover a rapinagem e a pirataria de vinte e cinco anos atrás. Basta olhar os jornais e revistas dos anos 1990 para ver o que eram realmente escândalos. Mas para a grande mídia isso não existe.
A mídia estrangeira que está longe desse cinismo repugnante, ao olhar para as passeatas do “basta” constatam com uma clareza límpida que os indignados são as classes médias e médias altas. Essas mesmas classes que elegeram ao longo das década Malufs, Pitas, Serras, Alckmins etc. O combustível que inflama essa massa não é a indignação: é o ódio de classe.
O ódio contra a melhoria de vida de milhões de pessoas. Que proporcionou a diminuição do número de empregadas domésticas cujo o pagamento era um singelo prato de comida.
Ódio contra a doação de R$ 80,00 para atenuar a fome de miseráveis. Mas com o silêncio para um sistema de bolsas acadêmicas que só beneficia a população mais rica que teve acesso à educação ou de “senhoras indignadas” que não se casam para receber pensões do Ministério do Exército.
Ou que não faz passeata de 1000 pessoas contra os altos salários de juízes e parlamentares, por exemplo. Mas que vota em dezenas de parlamentares comprometidos com a corrupção.
Não estamos aproveitando o momento para realmente combater a corrupção. Alguns setores estão procurando a “vingança” por terem perdido algumas regalias.