Autor - Política Nacional - Primeira Página - Sociedade

2016: quando o Brasil acabou

O que podemos esperar de um país no qual a população que clama contra a corrupção apoia os seus corruptos prediletos? E quando a Justiça atua como partido político?

Quando as manifestações de 2013 tiveram início a partir da mobilização do Movimento Passe Livre (MPL)  em São Paulo, a direita brasileira aproveitou para pegar carona na insatisfação da classe média contra perda de seu “secular” status de “classe média”. Ela não se diferenciava mais dos “antigos pobres”. Ou seja: o status era agora divido com a “nova classe média” gerada pelos governos petistas no bojo do “boom das commodities” durante a primeira década do século XXI. O seu fim teve início com a diminuição do ímpeto de crescimento da economia chinesa a partir de 2009.

Vários setores empresariais e seus representantes no parlamento brasileiro já assinalavam que o “salário mínimo está muito alto” ou na mídia com “não é possível ter um crescimento econômico dessa maneira”. Apesar de ter dado apoio político aos governos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff até o início do segundo mandato,  o PMDB representava claramente os interesses empresariais. Contudo, o bom momento da economia e o apoio popular ao PT impediram qualquer mudança de rumo.

O fato é que Dilma Rousseff tornou-se  a principal responsável pela débacle do seu governo após a sua reeleição. Com indicadores econômicos declinando, sem conselheiros inteligentes e com articulação política débil, Rousseff deu inicio ao fim do segundo mandato com a escolha do banqueiro Joaquim Levy. Com proposta de ajuste econômico de inspiração neoliberal e atacando conquista sociais, Dilma perdeu apoio popular e abriu caminho para o movimento golpista.

Com a ajuda da mídia especialmente da TV Globo, Folha de SP, Estadão e IstoÉ, foi feito um verdadeiro linchamento político do seu governo e do PT. Ao lado da mídia tradicional golpista, o  Judiciário brasileiro encampou a luta para a retirada do PT por meio do golpe parlamentar ocorrido em maio de 2016.

Apesar da inúmeras denúncias contra o PSDB, PMDB, DEM etc., só eram reverberadas as notícias de corrupção contra o PT. No moldes do nazi-fascismo, a mídia golpista brasileira seguiu os mesmos moldes dos regimes totalitários ao privar o provo brasileiro de conhecer o que realmente estava acontecendo até então. O Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério Público Federal (MPF) e a Procuradoria Geral da República (PGR), mostraram claramente a sua atuação no processo de golpe político. O novo modelo de golpe político não passa mais pelas Forças Armadas, mas pela associação Mídia + Parlamento  + Judiciário.

 

O juiz Sérgio Moro nunca investigou um político tucano até hoje.

 

Após assistirmos passeatas lideradas por corruptos em apoio a Lava-Jato e “contra a corrupção”, tivemos que ver também o processo de impeachment  ser aprovado por deputados e senadores corruptos, indiciados em homicídios e tráfico de drogas, entre outros crimes. Eles clamavam a favor do “fim do governo corrupto do PT”. Tudo isso televisionado ao vivo pela TV Globo. A primeira parte do golpe tinha sido consolidado. Faltava desmontar a “herança petista”: salário mínimo com aumento real, SUS, previdência social, direitos trabalhistas etc.

Eis o momento no qual estamos: a tentativa de  introdução de um regime semi-escravista e do liberalismo do início da Revolução Industrial inglesa. Nada de proteção social, somente a noção de que a aposentadoria virá com o último suspiro.

 

O Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério Público Federal (MPF) e a Procuradoria Geral da República (PGR), mostraram claramente a sua atuação no processo de golpe político. O novo modelo de golpe político não passa mais pelas Forças Armadas, mas pela associação Mídia + Parlamento  + Judiciário.

 

Em meio ao caos verificado tivemos a capitulação do STF frente ao desrespeito absoluto à sua  ordem de saída de Renan Calheiros (PMDB-AL) do comando do Senado Federal na primeira quinzena de 2016. Ou seja: o STF não vale nada para os poderosos. Uma vergonha.

A cereja do bolo foi a delação da Odebrecht (08/12/2016), a primeira de várias que virão, confirmando todas as denúncias de delatores anteriores em vários inquéritos: Temer, Jucá, Geddel, Moreira Franco etc., haviam montado um esqueça para arrecadar recursos tanto para campanha politicas como para si próprios. Todos já sabiam disso. Alguma atuação da Justiça brasileira contra isso? Não, não era o PT.

 

Eis o momento no qual estamos: a tentativa de  introdução de um regime semi-escravista e do liberalismo do início da Revolução Industrial inglesa. Nada de proteção social, somente a noção de que a aposentadoria virá com o último suspiro.

 

Além do PMDB, o PSDB também foi incluído. Mas quem não sabia disso? Aécio, Serra, Alckmin… Todos receberam dinheiro. Vale lembrar que TODOS os citados de alguma maneira apoiaram as passeatas contra a corrupção vestindo, inclusive, a cor amarela como grandes patriotas. Aécio chegou a declarar que “não aguentava mais tanta corrupção do PT”. A do PT, pois a do PSDB é “diferente”.

2016: O Brasil acabou.

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